E assim um a um foram respondendo:
“- Mais união...”
“ – Mais estudo...”
“ – Mais divulgação...”
“ – Mais respeito...”
“ – Mais reconhecimento...”
Mais, mais e mais...
“ – Muito se diz do que a Umbanda precisa, não é? E eu digo que a Umbanda
precisa de Filhos!”
Silêncio repentino no
ambiente.
Naturalmente os filhos ficaram
surpresos e ansiosos para a conclusão desta afirmação.
Pai João pitou, pensou, pitou,
sorriu e continuou:
“É isso, a Umbanda precisa sobretudo
de FILHOS.
Porque um filho jamais nega sua mãe,
sua origem, sua natureza. Quando alguém questiona vocês sobre o nome de sua mãe,
vocês procuram dar um outro nome a ela que não seja o verdadeiro? Um filho nem
pensa nisso, simplesmente revela a verdade. Assim é um verdadeiro Filho de
Umbanda, não nega sua religião, nem conseguiria, pois seria o mesmo que negar a
origem de sua vida seria o mesmo que negar o nome de sua
mãe.
Um filho de Umbanda, dentro do
terreiro limpa o chão como devoção e não como uma chata necessidade de
faxinar.
Um filho de Umbanda dá o melhor de
si para e pelo o terreiro, pois sente que ali, no terreiro ele está na casa de
sua mãe.
Um filho de Umbanda ama e respeita
seus irmãos de fé, pois são filhos da mesma mãe e sabem que por honra e respeito
a ela é que precisam se amar, se respeitar e se fortalecer.
Um filho de Umbanda sente
naturalmente que o terreiro é a casa de sua mãe, onde ele encontra sua família e
por isso quando não está no terreiro sente-se ansioso para retornar e sempre que
lá está é um momento de alegria e prazer.
Um filho de Umbanda não precisa
aprender o que é gratidão. Porque sua entrega verdadeira no convívio com sua
mãe, a Umbanda, já lhe ensina por observação o que é humildade, cidadania,
família, caridade e todas as virtudes básicas que um filho educado carrega
consigo.
Um filho de Umbanda não espera ser
escalado ou designado por uma ordem superior para fazer e colaborar com o
terreiro, ele por si só observa as necessidades e se voluntaria, pois lhe é
muito satisfatório agradar sua mãe, a Umbanda.
Um filho de Umbanda sabe o que é ser
Filho e sabe o que é ter uma Mãe.
Quando a Umbanda agregar em seu
interior mais Filhos que qualquer outra coisa, estas necessidades que vocês
tanto apontam como união, respeito, educação, ética, enfim, não existirão, pois
is to só existe naqueles que não são Filhos de fato.
O Sacerdote de Umbanda e o Sacerdócio Umbandista
O Sacerdote de Umbanda e o Sacerdócio
Umbandista
Observando a forma
como surgem os centros de Umbanda e conversando com muitas pessoas que dirigem
seus centros, cheguei a algumas conclusões aqui expostas e que, espero, não
despertem reações negativas mas sim levem todos à reflexão. Só isto é o que
desejo, e nada mais.
Todos os
dirigentes com os quais conversei foram unânimes em vários pontos:
a) foram
solicitados pelos seus guias espirituais para que abrissem suas
casas.
b) todos
relutaram em assumir responsabilidade tão grande.
c) todos, de
início, se sentiam inseguros e não se achavam preparados para tanto.
d) todos só
assumiram missão tão espinhosa após seus guias afiançarem-lhes que tinham essa
missão e que teriam todo o apoio do astral para levá-la adiante e ajudarem
muitas pessoas.
e) todos
sentiam então que lhes faltava uma preparação adequada para poderem fazer um bom
trabalho como dirigente espiritual.
f) todos
confiavam nos seus guias espirituais e no magnífico trabalho que eles realizavam
em benefício das pessoas.
g) todos, sem
exceção, só levaram adiante tal missão porque acreditaram nos seus
guias.
h) todos se
sentem gratos aos seus guias por tê-los instruído quando pouco ou quase nada
sabiam sobre tantas coisas que compõem o exercício da mediunidade e sobre sua
missão de dirigir uma tenda de Umbanda.
i) mas todos
ainda acham que há algo a ser aprendido e acrescentado ao seu trabalho, mesmo já
tendo muitos anos de atividade como dirigente e de já haver formado médiuns que
hoje também já montaram e dirigem suas próprias casas.
j) e todos
acreditam que sempre é tempo de aprenderem um pouco mais e não têm vergonha de
ouvir o que outros dirigentes têm a dizer.
Bem, só com essas
observações acima já temos um retrato fiel dos dirigentes umbandistas, e posso
afirmar com convicção algumas conclusões a que cheguei:
a) na Umbanda
o sacerdócio é uma missão.
b) o sacerdote
de Umbanda (a pessoa que deve dirigir um centro e comandar os trabalhos
espirituais) não é feito por ninguém; ele já traz desde seu nascimento essa
missão.
c) o sacerdote
de Umbanda invariavelmente é escolhido pela espiritualidade.
d) só consegue
dirigir uma tenda quem traz essa missão pois esta também é dos guias
espirituais.
e) mesmo não
se sentindo preparado para tão digno trabalho, no entanto, a maioria crê nos
seus guias e leva adiante sua incumbência.
f) mesmo não
sabendo muito sobre como dirigir uma tenda os guias suprem essa nossa
deficiência e vão nos ensinando coisas muito práticas que, com o passar dos
anos, se tornam um riquíssimo aprendizado.
g) todos
gostariam de se preparar melhor para o exercício sacerdotal, ainda que já sejam
ótimos dirigentes espirituais.
h) todos lêem
muito sobre a Umbanda e procuram nas leituras informações que os auxiliem no seu
sacerdócio.
i) muitos
fazem vários cursos holísticos para expandirem seus horizontes e a compreensão
do que lhe foi reservado pela espiritualidade.
j) todos
gostariam de ter alguém (uma escola, uma federação, uma pessoa) que pudesse
responder certas dúvidas que vão surgindo no decorrer do exercício da sua
missão.
Bem, o que deduzi
é que ninguém faz um dirigente espiritual porque só o é ou só o será quem
receber essa missão dos seus guias espirituais.
Mas, se assim é na
Umbanda, no entanto o exercício do sacerdócio pode ser organizado, graduado e
direcionado por uma “escola”, e isto facilita muito porque traz confiança e
orientações fundamentais ao dirigente espiritual.
Devíamos ter na
Umbanda mais escolas preparatórias tradicionais que auxiliassem as pessoas que
trazem essa missão, tornando mais fácil as coisas para elas.
E,
lamentavelmente, além de só termos alguns cursos voltados para esse campo, ainda
assim quem ousou montá-los é injustamente acusado de charlatão, embusteiro,
aproveitador e outros termos pejorativos.
Eu mesmo, só
porque montei um “colégio” sob orientação espiritual e só porque psicografei
algumas dezenas de livros de Umbanda (muitos ainda não publicados) já sofri todo
tipo de discriminação, de calúnia, de ofensas e de acusações que espero que
cessem, pois os umbandistas acabarão por entender que todas as religiões têm
escolas preparatórias dos seus sacerdotes.
Só assim, com
todos aprendendo as mesmas diretrizes e doutrina umbandista, a nossa religião
conseguirá organizar-se e expurgar do seu meio os espertalhões que têm feito
coisas condenáveis e cujos atos têm refletido negativamente sobre o trabalho
sério de todos os verdadeiros umbandistas.
Pai Rubens Saraceni
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